terça-feira, 17 de janeiro de 2012

MUDANÇA PAULATINA DE COSTUMES.

Busscar VB Elegance seguido por um Marcopolo G7. Só na imagem, pois a Busscar ficou para trás.



Como a crise da Busscar mexeu com uma empresa.

Tiago Endrigo


Para quem não é do hobby da busologia, a imagem de hoje representa apenas mais um retrato de ônibus, como tantos em toda a internet. Mas, para aqueles que são do meio da busologia, hobbystas e colecionadores, o registro de hoje mostra mais do que apenas ônibus, retrata mudanças bruscas no transporte brasileiro através do desenvolvimento das encarroçadoras. Não estamos nos referindo ao sistema, mas sim a frota.

A Busscar Ônibus chegou a ser a maior encarroçadora de ônibus do país. Com seus modelos, sempre bem desenhados e elaborados, atendendo aos desejos de frotistas e grandes empresários do ramo, a sucessora da Nielson chegou a ter cliente exclusivos, que viam na marca Busscar certeza de bons negócios.

É o caso da Pássaro Marron, que durante anos fez grandes aquisições de modelos fabricados pela tradicional empresa de Joinville, em Santa Catarina. As únicas vezes em que os Marcopolos foram vistos na moderna Pássaro Marron (após a fusão entre Pássaro e São Jorge, com estilização padrão de pinturas e acerto de sociedade de bens) se remetem a compra da Rodoviário Atlântico, que remanesceu alguns Marcopolos para a adquirinte.

Com a delicada situação da Busscar, a Pássaro se viu obrigada a fazer aquisições junto a outras encarroçadoras. Antes da venda da empresa para a Família Constantino, as últimas aquisições da Marron foram compostas por Comil Svelto Midi, Versatille Midi e Irizar Century (para a Airport Service). Agora, com a batuta da empresa passada dos Soares Penido, do Grupo Serveng, para Nenê Constantino, do Grupo Comporte, os Marcopolos invadirão a empresa, fato este que já está ocorrendo.

Paulatinamente, a crise da Busscar está mudando a Pássaro Marron, e outra empresa do grupo, a Litorãnea. A nova frota mudou a cara da empresa, e ao mesmo tempo descaracterizou a “Busscarpadronização” na Pássaro. Com o passar do tempo, isso se tornará mais evidente, já que os carros Busscar da frota já estão ganhando idade. A Pássaro entra agora em uma nova fase. Está recebendo os seus novos Marcopolos G7, com nova estilização de pintura, um dos mais belos e bem elaborados do grupo Comporte.

LITORÃNEA. MAIS UMA NOVA MUDANÇA.

A Litorãnea surgiu pelas mãos da Pássaro Marron como mais uma empresa do Grupo. Sua semente foi a Rodoviário Atlântico, empresa adquirida pelos Soares Penido na primeira metade da década de 80. Parte dos carros da Atlântico foram transferidos para a Pássaro Marron. Eram os Marcopolos Paradisos, que vieram a diferenciar a frota da empresa, que naquela época tinha uma variedade ainda maior em sua frota. Pouco depois surgiu a Litorãnea, uma ramificação do grupo que, como sugeria o nome, operaria linhas que seguiam para o litoral paulista. E assim seguir conforme o planejado. Sob a batuta da Pássaro, a empresa ganhou notoriedade e instalou-se no litoral. Em Caraguatatuba ganhou destaque e hoje, além das linhas rodoviárias, opera também coletivos na cidade.

Viera aí a primeira grande transformação na Litorãnea. Sua frota passava a ser composta totalmente por modelos da Busscar, tanto rodoviários quanto urbanos. Foi assim também com a sua irmã alpina, a Mantiqueira, empresa dissolvida do Grupo Soares Penido, que operava linhas rumo Campos do Jordão e as linhas urbanas da cidade. Com o controle da Litorãnea nas mãos do Grupo Comporte, a empresa sente sua segunda grande mudança. Começa a receber os novos Marcopolos G7, além de nova roupagem a exemplo da Pássaro.

As mudanças significativas nas empresas Pássaro Marron e Litorãnea vieram após a crise da Busscar. A venda para os Constantinos e as dificuldades da encarroçadora podem não ter ligação alguma, e nem é isso que este artigo afirma. Porém, ambos os acontecimentos tem importância igual em um mesmo período dos ocorridos. Sempre que olhamos ou pensamos na Pássaro Marron, imaginava-se os El Buss, os Visstas ou os Jumbuss que ele teve. Agora, tudo é diferente, pois o que se verá daqui pra frente será Marcopolos G7 nela. Quem sabe até Ideales 770. Tem ainda as linhas urbanas operada por ambas as empresas. O que virá para renovação de frota?

Seja bem vinda a Marcopolo na Pássaro. A roupagem mudou, a tradição que ainda existe também muda e ganha novos ares. Para o passageiro, pode até não significar nada mais além do que um ônibus novo. Para nós, o significado é grande, nasce aqui uma nova Pássaro Marron, uma nova Litorãnea!

E para quem sonhava com G7 na Pássaro... Parabéns, seus sonhos foram realizados. E que venha mais G7 para ambas as empresas!
MARCOPOLO PARADISO G7 X VB ELEGANCE: UMA BRIGA BOA!


Já imaginou como seria se a Busscar estivesse aí no mercado, firme e forte, com a sua produção e encomendas em dia? Será que a Marcopolo teria a mesma presença no mercado que está tendo hoje?

Bom, a lacuna deixada pela Busscar deu oportunidades de mercado para todas as encarroçadoras, sejam elas grandes ou pequenas. Não só no nicho rodoviário, mas no urbano sua falta teve ainda mais significado. A Mascarello ganhou uma fatia importante no mercado de veículos urbanos. Na mesma linha a Neobus vem emplacando os seus produtos. Existem também outras encarroçadoras, como a Ibrava, que arrumou seu espaço ao sol. Um exemplo que foi escrito acima é visto nas cooperativas de São Paulo, que adquiriram em peso modelos dessas empresas. Modelos da Busscar, como o Micruss, UrbanusS e o Urbanuss Plus, estão sendo substituídos não só por modelos da tradicional Caio ou Marcopolo, mas também por carrocerias das empresas que hoje compartilham o setor.

Timidamente, a Busscar chegou a entregar algumas unidades de seus últimos modelos, como o Busscar Urbanuss Ecoss, um dos mais recentes modelos. O mais chamativo e famoso foi o Busscar Urbanuss Midi reestilizado, entregue para uma cooperativa de São Paulo. Essa aquisição foi a centelha de esperança para os fãns da empresa, que viram nessa entrega um novo fôlego para a Busscar.

No setor rodoviário ainda se fazem presentes os seus modelos, como os El Buss, Vissta Buss, Jumbuss e, em menor número, os VB Elegance. O modelo foi a última cartada da empresa, que acertou no design da carroceria. Com poucas mudanças estéticas, o Elegance trazia detalhes dos outros carros da encarroçadora, mas com mudanças sutis, porém de grande efeito estético e cosmético, como o desenho da dianteira, com as “lágrimas” que seguem até o final da pára-choques. A Busscar foi a primeira em apostar totalmente em equipar seus modelos com jogos ópticos dotados de sistemas em led’s, sistema esse imitado por outras empresas do ramo devido a economia que o dispositivo traz por ter maior vida útil (e ser esteticamente mais bonito também).

Com as dificuldades na Busscar, a Caio ganhou mercado com o seu Giro em várias versões. A Mascarello e a Neobus apresentaram uma gama de modelos que, por enquanto, vem atraindo mais o setor de fretamento. Já a Marcopolo abocanhou boa parte do vazio deixado pela Busscar no setor rodoviário. Hoje vamos aquisições maciças, gigantescas só com modelos da Marcopolo. A Breda está renovando a frota com os Ideales 770, Viaggios e Paradisos. Recentemente apresentou seus novos seletivos no litoral compostos macivamente por Marcopolos. A frota urbana do Grupo também é composta em peso por carrocerias Marcopolo. A Pássaro Marron, que deixou de ser dos Soares Penido e passou para a família Constantino, está renovando sua frota só com os Tops da Marcopolo. E nesse ritmo segue muitas empresas do setor, com renovações focadas nos modelos da marca. Vale lembrar também que a Cometa foi uma das tábuas de sucesso da empresa, pois depois que os CMAs Scania passaram a fazer parte da história a parceria Cometa – Marcopolo representou grandes compras.

A Marcopolo agiu certo na hora certa. Teve visão de mercado, know how certeiro e calculado. Seu sucesso é visível, inegável. Fruto de muito trabalho, inteligência e dedicação, sendo exemplo de boa administração e um orgulho brasileiro. Possui várias fabricas no exterior e seus modelos estão presentes em centenas de cidades em todo o mundo. Hoje, se a Busscar estivesse forte, o VB Elegance teria um concorrente de peso, assim como o G7 teria também um concorrente de garbo. Seria uma visão interessante, ver a diversidade nas frotas novamente, a beleza dos Elegances com o conjunto formoso que está encampado nos Marcopolos G7. Seria uma briga muito boa. (N.B.E.O.E.A.)

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